domingo, 29 de setembro de 2024

Turma do 44 | Gravação revela "Mil Graus" de fraude, suborno, corrupção e perseguição a desafetos políticos

_ REPORTAGEM ESPECIAL_ 

Um escândalo sem precedentes revela o lado sombrio da administração Chico Gamba que envolve esquema de fraude do processo eleitoral, tentativa de suborno, corrupção ativa e passiva e perseguição aberta a entidade Amamos Animais.

No mundo jornalismo investigativo, há momentos em que o profissional precisa se envolver e até mesmo disfarçar-se e infiltrar-se no submundo do crime para extrair provas mais contundentes e autênticas para conseguir mostrar a sociedade o tamanho do mal que está por trás de ações de grupos políticos ou facções criminosas que atuam para sustentar sua sede de dominação e poder.

A exemplo disso, temos a memória do grande  e saudoso colega jornalista Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, conhecido como “Tim Lopes”, da Rede Globo que pagou com sua vida em 2002, aos 52 anos, para mostrar ao Brasil como funcionava o esquema de tráfico na favela da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro.

Tim fora sequestrado, torturado, julgado e executado por traficantes, comandados por Elias Pereira da Silva, o “Elias Maluco”. Ele  decidira fazer a reportagem após receber denúncias de moradores da Vila Cruzeiro de que menores eram obrigadas a participar dos bailes funks, usando drogas e se prostituindo.

Não era incomum que o jornalista assumisse disfarces e até fizesse simular pretensas amizades para fazer reportagens. Para revelar irregularidades em clínicas de tratamento, ele fingiu ser dependente químico, em outra ocasião disfarçou-se de pedreiro para mostrar as dificuldades enfrentadas por trabalhadores nos canteiros de obra.

Na matéria a seguir, tratamos o assunto com a mesma sagacidade no intuito de preservar a verdadeira essência do verdadeiro jornalismo profissional, que é o de fazer a manutenção da sociedade, como principal instrumento para garantir a democracia real, bem como mediador da consciência popular, pois onde o povo não tem voz, não tem vez e não é defendido, ali sempre haverá de surgir um sacerdote da verdade, para promover avanços, transformações históricas e qualificar a vida pública. Não há que se falar sobre traição entre “amigos”, pois o único propósito do alvo da investigação sempre foi promover uma amizade simulada para tentar me manipular e extrair informações para seu núcleo político, que sempre se sente ameaçado pelas denúncias realizadas por este que vos escreve e passa a narrar os fatos a seguir.

TENTATIVA DE SUBORNO

Na segunda quinzena do mês de abril fui procurado e cooptado pelo Sr. Alan Rodrigues da Silva, conhecido como “Alan Benin”, que há algum tempo passou a me visitar em minha residência, na forma de emissário do governo Gamba, e que mais especificamente na manhã do dia 19/04/2024 confirmou uma tentativa de suborno que teria sido “encomendada” pelo núcleo duro do atual prefeito Valdemar Gamba, na pessoa do então secretário municipal de Gestão e Planejamento do município, Robson Quintino de Oliveira no valor de R$ 20.000,00, na intenção de cessar as matérias investigativas por mim realizadas até o final das eleições municipais de 2024. (Ao longo de três anos e meio foram produzidas 58 matérias denunciando os desmandos e improbidades da administração municipal de Alta Floresta, algumas foram levadas ao Ministério Público que preferiu se calar desde então).

Para efeito de obtenção de provas jornalísticas, optei pelo recurso de uma gravação audiovisual a seguir, ainda que de forma precária, já que na primeira investida fui pego de surpresa e não tive oportunidade de registrar a proposta oferecida, primeiramente de forma velada e já na gravação em questão de forma mais enfática e detalhada.

A gravação original, detém exatos 30″ minutos, e nele são reveladas diversas facetas da “relação” entre o assessor parlamentar Alan Rodrigues da Silva, o atual candidato a vice-prefeito Robson Quintino de Oliveira e o candidato e atual prefeito Valdemar Gamba, no que tange a administração pública, atos e ações políticas e manutenção de verba pública.

Para efeito de preservar a imagem de uma autoridade municipal, com quem o assessor diz ter íntimas relações amorosas, fomos obrigados a editar a gravação, que segue com apenas 19:40“, para destacar apenas os fatos mais condizentes a necessidade de atender ao interesse público. Nem é preciso dizer que, gravação original está a disposição de autoridades policiais ou judiciais que se interessarem pelos fatos.

A CONFRARIA DO MIL GRAU

Também, são narradas na gravação diversas facetas de uma relação quase “incestuosa”, entre o assessor parlamentar Alan Rodrigues da Silva (Alan Benin), o atual candidato a vice-prefeito, Robson Quintino de Oliveira e o candidato e atual prefeito Valdemar Gamba, no que tange a administração, políticas públicas, atos de governo, ações políticas e manutenção de verba pública.

A princípio Alan Benin revelou abertamente que houve forte pressão política e por fim ingerência por parte do prefeito e seu secretário de governo para com a Rádio Bambina FM, para que o jornalista Oliveira Dias, pré-candidato a prefeito, fosse demitido com 30 dias de antecedência e impedindo-o de continuar executando seus programas até a data limite de suas atividades, com objetivo único de censurar previamente qualquer tipo de notícia que viesse de encontro aos interesses políticos eleitorais do prefeito.

Ao mesmo tempo Alan revela uma relação de autonomia total com seu parlamentar estadual, Faissal Calil (Cidadania), onde demonstra ter amplos poderes e grande ascendência sobre todos os passos e decisões sobre emendas que o deputado destina ao município de Alta Floresta/MT.

Na sequência da conversa gravada, o assessor parlamentar de Faisal Calil começa uma tentativa de convencimento contra a minha pessoa, ao referir-se a sua condição de beneficiado por vários favores e valores negociados junto ao chefe do executivo e seu secretário, argumentando que “eu quero é dinheiro”, e que “dinheiro” é a única coisa que lhe interessa e não mede esforços, meios e fins para extrair quantias vultuosas em acordos de autopromoção política e divulgação extra oficial dos atos do executivo por meio de fortes vínculos de amizade que o assessor mantém com o principal agente público ligado ao prefeito no município, o secretário de gestão afastado, Robson Quintino, a quem se dirige como meu prefeito”.

O PREÇO DA MANIPULAÇÃO

Para instigar a proposta de suborno a mim oferecida perguntei sobre a oferta do dia anterior e o mesmo revelou que na verdade já havia recebido R$ 30.000,00 antecipados, especificando que a forma e de recebimento foi em duas parcelas de R$ 15.000,00 mil reais, e afirmando que se disporia a receber mais vinte mil caso eu aceitasse a proposta.

Em todas as conversas sempre deixei claro que jamais aceitaria o suborno, com risco de ainda efetuar o flagrante caso o mesmo continuasse a insistir no assunto.

Para corroborar sua intima relação com o então secretário de Gestão, Robson Quintino, o mesmo realizou uma ligação na minha frente e disse que iria pedir “20 mil pra mim e também a retirada de um processo” judicial movido pelo secretário de gestão contra minha pessoa, que tramita no fórum de Alta Floresta, porém a ligação não foi atendida.

Na sequência, o assessor parlamentar afirma que recebe todos os valores de sua página de memes e fofocas sem emissão de qualquer nota fiscal para executar seus serviços  publicitários, na página intitulada @altaflorestamilgrau, atualmente com quase 60 mil seguidores, bem como dinheiro que recebeu dos mandatários da prefeitura.

GUERRA DE PÁGINAS

O assessor parlamentar também fez questão de se vangloriar do anonimato da página e por ser o proprietário da página e contar com o fato de que a maioria da população desconhece que realmente ele é o dono da página, alegando que prefere que todos pensem que é uma mulher.

O mesmo mencionou ainda que o seu próprio “patrão”, no caso o deputado estadual Faissal Calil corrobora com o fato de que se ele revelasse quem o dono da página a mesma “perde a graça”.

Além disso, o assessor revelou suas estratégias desleais para desgastar as demais páginas de fofocas concorrentes de seu seguimento no município, revelando os nomes dos proprietários e o parentesco com outros servidores público municipais.

EMENDAS MANIPULÁVEIS

Ao falar sobre uma verba destinada para a saúde do município pelo deputado Faissal no valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões), o mesmo revela que ele tem poder de decidir qual valor será redirecionado para a causa animal, sem aceitar qualquer discordância por parte do prefeito ou do deputado, como se o mesmo fosse ordenador de despesas no município.

Nesse caso, ele afirma que forçou o prefeito municipal a destinar R$ 300.000,00 para a causa animal como se fosse um consultor econômico do município.

CAUSA ANIMAL COLOCADA DE LADO

Na sequência o assessor tece uma série de ataques pejorativos e violentos contra a atual administração da instituição “Amamos Animais”, e sua presidente, Valéria Oliani, com quem tem rixas pessoais explícitas e como fez para bloquear valores, a seu bel prazer, que antes eram recebidos pela entidade, simplesmente por que não gosta das atual gestora da entidade, com quem tem problemas de relacionamento devido a brigas internas pela direção da entidade.

ELEITORES NEGOCIADOS

Na gravação, extrai-se da moldura fática também, informativos diários veiculados reiteradamente na página Instagram conhecida como: “Altaflorestamilgrau”, caracterizada como página de “memes e fofocas”, a autopromoção do recorrente, divulgações de pesquisas eleitorais, depreciação de adversário político do então chefe do Executivo e candidato à reeleição Chico Gamba com quem negociou a página da campanha política, anteriormente conhecida como “altaflorestamilgrauoff” com o senhor Alan Rodrigues da Silva (Alan Benin), pela quantia de R$ 30.000,00 (Trinta mil reais – 15 e 15 mil parcelados), e que, tendo ou não, custeado com recursos próprios as publicações diárias de suas peças eleitorais frequentemente publicadas ou ataques ao adversário político do prefeito. 

O “dono da página” @altaflorestamilgrau também é servidor público estadual pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso, lotado no gabinete do deputado estadual Faissal Calil, que o financia mensalmente com um salário bruto de R$ 6.324,32, mas não atua em período integral de sua jornada de 40 horas semanais, dividindo seu tempo entre sua página de fofocas e sua permanência na prefeitura municipal de Alta Floresta, sem qualquer controle de registro de horário conferido pela Assembleia Legislativa. São frequentes as aparições do deputado na página como forma de recompensa pelo cargo recebido.

A página @altaflorestamilgrau é utilizada politicamente pela família Calil em todos os períodos eleitorais, foi assim durante as eleições de 2022, para beneficiar a candidatura do então deputado Faissal Calil, onde esse obteve em Alta Floresta mais de 2.200 votos, ou seja, o maior número de votos alcançados no interior do Estado se comparado aos demais municípios do interior de Mato Grosso, onde ele não alcançou nem a quantia máxima de 500 votos.

Atualmente a página @altaflorestamilgrau, além de promover politicamente a candidatura do atual prefeito Chico Gamba, promove também a candidatura da irmã do deputado estadual Faissal Calil, Paula Calil, candidata a vereadora por Cuiabá, mesmo estando na capital e não fazer parte do universo eleitoral de Alta Floresta e região.

Para fechar o quadrilátero do “Esquema Mil Grau“, um quinto elemento oculto se apresenta no cenário como interlocutor entre o assessor Alan Benin e o deputado Faissal Calil, Robson Quintino e Chico Gamba. Trata-se de Danúbio Ferreira Ferreira dos Santos, (Diretor de comunicação da Assessoria de Comunicação – ASCOM  do município), que também tem interação direta com  Robson Quintino, pois é cunhado de Keytiani Morosini, atualmente figura como convivente do mesmo.

Danúbio Ferreira, servidor público, é o encarregado geral da manutenção das páginas do @altaflorestamilgrau, e quem operacionaliza todas as postagens da atual Página Fake do candidato a prefeito Chico Gamba, que anteriormente pertencia ao endereço @altaflorestamilgraoff, com 31 mil seguidores (que atualmente conta com 29,7 mil seguidores e caindo cada dia), e que foi transmutada do dia para a noite, logo após encerrado o prazo das convenções no dia 6 de Agosto, cometendo uma fraude escancarada no processo eleitoral, descumprindo a legislação eleitoral que impede que “pessoas jurídicas e às pessoas naturais a venda de cadastro de endereços eletrônicos e banco de dados pessoais” (Art. 31 – §1º da Lei 9.504/1997).

Diversos registros de comentários sobre a mudança da página do @altaflorestamilgrauoff foram registrados nos grupos de Whatsapp de Alta Floresta, além disso, logo após a alteração para página política, os “admins” colocaram vídeos pedindo para que os seguidores da página oficial seguissem a nova página, recém lançada, do @altaflorestamilgrauoff, sem esclarecer o por que.

Na sua sua página pessoal, ao longo de seu mandato, o prefeito Chico Gamba angariou cerca de 5,169 seguidores, ao cometerem tal fraude, já na PÁGINA FAKE, o candidato e seu grupo político manipularam forçosamente 31 mil eleitores que em sua maioria nunca foram seguidores do atual prefeito, quebrando assim os princípios da boa fé eleitoral, da equidade, da isonomia e da lealdade política, além de expressa demonstração de abusos de poder político e econômico.

Cabe agora as autoridades competentes e a Justiça Eleitoral exercerem seus papeis e punirem de forma exemplar os desmandos cometidos tanto na vida pública quanto na campanha eleitoral.

ASSISTA A GRAVAÇÃO COM O ASSESSOR ALAN BENIN:

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: