quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Empresa de pesquisa que dá 80% para Chico Gamba pratica fraude segundo o TRE/MT

  • NÃO CONFIÁVEL

A Percent Brasil teve sua pesquisa suspensa por conta de irregularidades no fornecimento de informações a respeito dos bairros e dos perfis dos entrevistados.

O TRE/MT ainda aplicou uma multa de R$ 53.205,00 (cinquenta e três mil, duzentos e cinco reais) à Percent Brasil e declarou a pesquisa como não-registrada.

Em sua decisão, a juíza Aline Luciane Ribeiro Viana Quinto Bissoni relatou entender que a “constatação inviabiliza a divulgação da pesquisa, eis que não garante confiabilidade técnica às informações prestadas e determinou a suspensão imediata da divulgação da pesquisa eleitoral no prazo de 24 horas, sob multa diária de R$ 5 mil em caso do descumprimento da determinação legal.

A ação também mirou a Cba TV Aberta de Comunicação Ltda, empresa que encomendou e pagou pela pesquisa.

A pesquisa eleitoral nº. MT-09632/2024, registrada na Justiça Eleitoral no último dia 26 de Agosto e divulgada no dia 2 de Setembro foi questionada na Justiça pela coligação Rondonópolis Pronta para o Futuro, que tem como candidato a prefeito o geógrafo e ex-presidente do Sanear, Paulo José Correia, que questionou o fato de a Percent Brasil ter apresentado um relatório dos bairros e regiões pesquisadas com data de 5 de Abril passado, enquanto a coleta de dados foi realizada entre os dias 24 e 28 de Agosto.

Em Alta Floresta a pesquisa é assinada pela mesma estatística que assinou a pesquisa de Rondonópolis, Nathany Luzia de Oliveira, que junto com a empresa Percent Brasil receberam R$ 15.000,00, para divulgar uma margem de surreal 81,2 % para o candidato Chico Gamba.

No site da empresa da Percent Brasil, exibe uma logo do senador Jayme Campos (União Brasil), padrinho político do prefeito candidato Chico Gamba, entre os clientes “vips” da empresa, figurando com exclusividade entre todos os demais políticos do cenário mato-grossense como parceiro da Percent Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 

Em Feliz Natal (530 km de Cuiabá), o proprietário da empresa Ronye Steffan, é acusado de manipular outra pesquisa levantando dúvidas sobre a credibilidade e transparência da pesquisa realizada no município que dava a margem de 81,5% de margem ao candidato a reeleição Toni Dubiella do MDB, também apoiado pelo governador Mauro Mendes, com coligação com o União Brasil, partido candidato Chico Gamba. LEIA AQUI A MATÉRIA

SEGUE A SENTENÇA QUE SUSPENDEU A PESQUISA FRAUDULENTA DA PERCENT BRASIL:

Suspensão pesquisa Percent 02.09.24

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: