quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Suspeita de fraude leva pesquisa que favorece Chico Gamba a ser denunciada no TRE/MT

Na ação movida pelo jurídico da campanha do candidato Oliveira Dias, comprova por meios matemáticos que a suposta vantagem mostrada para o candidato Chico Gamba foi “fabricada”.

A denúncia afirma que a empresa responsável pela pesquisa realizada em Alta Floresta, PERCENT PESQUISA DE MERCADO E OPINIÃO LTDA, multiplicou eleitores que responderam a favor do candidato Chico Gamba (União Brasil), segundo denúncia apresentada junto ao Tribunal Regional Eleitoral – TRE/MT, com graves indícios de fraude.

A ação liminar com Tutela de Urgência, é assinada pelo advogado Dione Ramos, do jurídico do Partido Liberal – PL de Alta Floresta e também pela presidente do partido Silvia Caselato.

 A PERCENT PESQUISA DE MERCADO E OPINIÃO LTDA, teve no último mês de Agosto, uma de suas pesquisas suspensas por fraude de dados nestes eleições de 2024, em pesquisa realizada, no município de Rondonópolis/MT, questionada na Justiça pela coligação Rondonópolis Pronta para o Futuro, do candidato Paulo José Correia (PSB), com multa aplicada pela Justiça Eleitoral de R$ 53.205,00.

Segundo a a denúncia, a pesquisa patrocinada pela Rádio Bambina de Alta Floresta, foi apresentada ao TRE/MT em 19/9, sob o registro nº 05905/2024, e reproduzida por meio de propaganda eleitoral nas redes sociais contendo informações imprecisas e acusações não comprovadas que geram desinformação no ambiente eleitoral com potencial de influenciar o eleitor.

Na denúncia, o advogado demonstra que há grave inconsistência e contradição, passível de gerar a impugnação da referida pesquisa com o consequente impedimento de sua divulgação. As irregularidades verificadas encontram-se, a priori na metodologia aplicada quanto a apresentação errônea entre os percentuais e a base de entrevistados aduzidos na pesquisa.

Nas sabias palavras de Albert Einstein“A Matemática não mente. Mente quem faz mau uso dela”, cita a denúncia do Dr. Dione Ramos.

Considerando os 600 entrevistados informados, o percentual de 36,3% representa o total de 217,8 pessoas entrevistas, ou seja, número quebrado de pessoas votantes!

Observando o total de pessoas entrevistas representadas pelos votos validos (217,8 pessoas) e retirando o percentual dentro de cada vereador, resta perceptível as incongruências nas informações apresentadas ao público, nota-se:

No mesmo sentido, observando o gráfico apresentado para os votos para Prefeito, tem-se a clara manipulação dos dados:

Os votos Nulo/Branco; NS/Indeciso; NR representam o total de 14,00%
Neste sentido, calcula-se:

600 entrevistados – 14% = 516 pessoas votantes.
516 votantes X 81,2% Chico Gamba = 418,99 pessoas votantes.
516 votantes X 4,8% Oliveira Dias = 24,76 pessoas votantes.

“Observando os cálculos, o quantitativo não representa sequer a quantidade de votos que se alegam terem sidos entrevistados em votos válidos.
Excelência, os cálculos não se deixam enganar, como é possível a metade de uma pessoa apresentar um voto, como é o caso do gráfico apresentado para os vereadores e, de igual forma a quantidade de 24,76 pessoas, eis que magicamente nesta pesquisa, as pessoas votam 1 pessoa e a metade de outra.
Se considerando os percentuais sem o devido desconto dos votos Nulo/Branco; NS/Indeciso; NR, ou seja considerando a base de 600 entrevistados, ainda será obtido o número quebrado de pessoas, exemplo: 600 X 0,3% (voto a Vereador), se terá 1,8 pessoa votante, se considerando o total X 3,5% (Naldo da Pista) se terá o total assertivo de 21 pessoas.
Logo se os cálculos batem para um percentual, se teria de bater em 100% dos votos apresentados, o que não é o caso da referida pesquisa”.

No mesmo sentido errôneo, é a apresentação quanto a rejeição aos candidatos apresentados no gráfico, observa-se:

Os votos Nulo/Branco; NS/Indeciso; NR representam o total de 53,7%
Neste sentido, considerando os votos validos, calcula-se:
600 – 53,7% = 277,8 pessoas
277,8 X 44,2% = 122,78 pessoas
277,8 X 2,2% = 6,11 pessoas
No mesmo sentido, considerando a quantidade total, sem o devido desconto:
600 X 44,2% = 265,2 pessoas
600 X 2,2% = 13,2 pessoas
Notório resta, a preocupação foi em bater o percentual, não cuidando do número de pessoas que alegam terem sido entrevistadas.

“Ora Excelência, deixar de informar – corretamente – os dados publicados em uma pesquisa supostamente regular, deixa grave margem de dúvidas sobre a idoneidade desses dados, se tratando claramente de um sistema de desinformação e manipulação cognitiva dos eleitores.”

A liminar pede ao TRE/MT a “suspensão imediata” da pesquisa pois “restam evidente os danos irreparáveis que a pesquisa ora impugnada com evidente falha em sua apresentação, caso mantida a veiculação continuará afetando a lisura e a isonomia no processo eleitoral, bem como, entre os eleitores de Alta Floresta/MT”.

A liminar pede também, multa a ser fixada por este juízo, bem como para que os demais veículos de imprensa, e a coligação abaixo arrolada suspendam a veiculação da pesquisa atuada.

Pede ainda que seja determinado, a disponibilização de acesso ao sistema interno de controle, verificação e fiscalização da coleta de dados das entidades e das empresas que divulgarem pesquisas de opinião relativas às candidatas, aos candidatos e às eleições, incluídos os referentes à identificação de entrevistadoras e entrevistadores e, por meio de escolha livre e aleatória de planilhas individuais, mapas ou equivalentes, confrontar e conferir os dados publicados, preservada a identidade das pessoas entrevistadas.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: