quarta-feira, 23 de outubro de 2024

NOVOS ÁUDIOS | Candidato a presidência da Câmara denunciado em esquema de "candidatas laranjas" em Alta Floresta

No último final de semana gravações clandestinas agitaram os bastidores da política com troca de acusações entre lideranças e candidatos da coligação “Acelera Alta Floresta”.

No epicentro das denúncias está José Aparecido da Silva, , também conhecido como “Zezinho“, um servidor público municipal, lotado na secretaria de educação, que possui uma página de memes e fofocas chamada “Sincerão Alta Floresta”, no Instagram.

NOVOS ÁUDIOS REFORÇAM INDÍCIOS DE CAIXA 2 DA COLIGAÇÃO

Recebemos novos áudios comprometedores que implicam fortemente agora a vida do vereador Francisco Ailton (reeleito pelo Republicanos), e atual indicado em chapa já formada, menos de 15 dias após as eleições, para assumir a presidência da Câmara Municipal na próxima composição da mesa diretora, o que pode causar uma reviravolta na tentativa do Republicanos de comandar a Casa de Leis na próxima legislatura.

Independente das promessas não cumpridas, a evidente guerra de egos e interesses políticos partidários a lista de nomes envolvidos só aumenta, dessa vez, o vereador reeleito Francisco Ailton (Republicanos), até então entra em cena com novas acusações diretas de recebimento de dinheiro em espécie, na própria residência do vereador.

Nos áudios, segundo a filha da candidata Nena Castro (Dirce Ribeiro de Castro – Republicanos), afirma que dinheiro vivo foi repassado em mãos pelo vereador Francisco Ailton, como parte de parcelas de pagamentos acordados ainda na pré-campanha dos candidatos da coligação.

Segundo o áudio da filha da Nena Castro, o próprio vereador Francisco Ailton orientou sobre como proceder com o dinheiro recebido, indo ao banco e fazer o depósito no caixa interno e depois fazer um TED para a conta dela como vereadora.

Nesta Segunda-feira (21/10), 4 dos 13 vereadores em seguiram viajem à Cuiabá para tratar de assuntos do município, segundo ofícios apresentados na sessão da Câmara Municipal, Francisco Ailton (Republicanos), Leonice Klaus (Republicanos), Naldo da Pista (Republicanos) , Oslen Dias dos Santos (PSDB) e o candidato eleito Chicão do Motocros (Republicanos), curiosamente ambos pretendentes a participar da mesa diretora na próxima legislatura, com chapa apresentada 15 dias após as eleições.

OUÇA O ÁUDIO DA FILHA DA CANDIDATA:

ENTENDA O CASO NA ORDEM DOS FATOS

Na semana passada um vídeo publicado pelo perfil Sincerão, mostrou uma discussão entre Zezinho (secretário executivo do Partido Progressista – PP), o proprietário de uma empresa de madeiras e o recém eleito ao cargo de vereador Darlan Carvalho (PRD), que aparentemente estavam “fugindo” de explicações, enquanto eram gravados, sobre supostas ameaças feitas a Zezinho, após denúncias feitas por candidatos adversários junto a Justiça Eleitoral com base em suspeitas de candidaturas fictícias (candidaturas laranja), nos partidos PRD e Republicanos.

Em seguida, na Sexta-feira a noite (18/10), passou a circular um vídeo com áudio editado, trazia praticamente um monólogo, com a voz de Zezinho, mediando acordos em nomes de candidatos não eleitos que, segundo ele, estavam cobrando prejuízos de campanha, com cifras de 30 a 50 mil reais.

Em resposta ao vídeo compartilhado nos grupos de Whatsapp, Zezinho começou a publicar uma série de áudios e vídeos que as candidatas gravaram, com o presidente do Republicanos  (Robertinho Motos), onde o mesmo orientava as candidatas já apontadas como “laranjas” a mentir em depoimento para a Justiça Eleitoral, diante das possíveis fraudes descobertas e denunciadas após as eleições. 

Caso haja a comprovação, por parte da Justiça Eleitoral, tais irregularidades podem até levar a cassação de chapas completas, a depender da proporcionalidade prejudicada de outros partidos concorrentes. O fato da denúncia ter circulado em uma rede social não invalidam a gravidade das acusações e precisam ser amplamente investigadas pela Justiça Eleitoral, pois foram feitas por membros da coligação “Acelera Alta Floresta” e não por terceiros, como no caso do perfil “Sincerão” e seu proprietário, que apenas tornou pública as gravações. Mesmo por que o divulgador das denúncias é secretário executivo do Partido Progressista – PP, coligado a chapa do atual prefeito reeleito, a pedido das candidatas denunciantes.

No caso de Alta Floresta, o que chama mais atenção é que as denúncias circuladas nas redes sociais e grupos de Whatsapp, partiram de dentro do próprio núcleo da campanha da coligação “Acelera Alta Floresta”, com ataques diretos do secretário do Partido Progressista (Zezinho), e depoimentos de candidatas que se sentiram envolvidas no esquema dos partidos, após perceberem que promessas financeiras feitas pela coligação a seus candidatos antes das eleições não estavam sendo cumpridas. Enquanto isso, alguns, “escolhidos a dedo”, estavam recebendo cifras acima de 10 mil reais, a grande maioria dos demais partidos aliados recebia apenas dinheiro para a gasolina, segundo a denúncia feita nos vídeos e áudios.

Para corroborar as acusações de todos os demais denunciantes, próprio Zezinho revelou a nossa reportagem que recebeu dinheiro direto da campanha do prefeito Chico Gamba (R$ 3.000,00), contratado como motorista, mas, não trabalhou nenhum dia sequer ou teve algum veículo para dirigir durante toda campanha.

O QUE DIZEM OS DENUNCIANTES

As requisições de gasolina eram repassadas diretamente das mãos de presidentes e coordenadores de campanha dos seus respectivos partidos, segundo as acusações dos denunciantes, dos quais os candidatos tiraram fotos dos vale combustíveis, prints de conversas, e de depósitos em conta particular e, em alguns casos, valores foram repassados em mãos, fora das contas dos candidatos.

Curiosamente, somente após as denúncias, valores apareceram nas prestação de contas de tais candidatos apenas após o término das eleições (6/10), é que foram depositados em suas contas de campanha, ou seja, após as denúncias começarem a ser divulgadas.

Em suas gravações, os denunciantes conseguiram gravar no próprio escritório da empresa, uma uma conversa com o atual presidente do Republicanos, Roberto Rivelino dos Reis, empresário alta-florestense, conhecido como “Robertinho Motos”, sendo que acordos comprometedores foram firmados pelo presidente do partido que, em tese, estaria afirmando que as candidatas que seus pagamentos seriam repassados em breve, fora da conta oficial da campanha.

Durante as eleições são conhecidas quando há queda no Demonstrativo de Regularidade nos Atos Partidários (DRAPs), que impõe aos partidos o percentual mínimo de 30% de candidaturas femininas, como instrumento essencial para promover a representatividade das mulheres nos espaços políticos, e se tornaram obrigatórias desde 2009, com a edição da Lei 12.034, já pacificadas no cenário eleitoral.

 

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: