quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Crise Hídrica e Energética em Alta Floresta acende alerta vermelho contra concessionárias

Neste texto, vamos explorar as causas e consequências dessa crise, além das responsabilidades dos envolvidos.

Alta Floresta enfrenta uma crise hídrica e energética que afeta diretamente a vida de seus moradores e a economia local. As discussões sobre esse tema são fundamentais para entender as raízes do problema e buscar soluções. 

A Crise Hídrica em Alta Floresta

A crise hídrica que atinge Alta Floresta não é um fenômeno recente. Desde 2017, relatórios apontam para a escassez de água no município, indicando que a falta de planejamento e a ineficiência na gestão da água são fatores críticos. O que se observa agora é o resultado de anos de desinteresse e negligência por parte da administração pública e da concessionária de água.

Relatórios da AGER

Recentemente, a AGER/Sinop (Agência Reguladora de Serviços Públicos) apresentou um relatório que revela a situação alarmante do abastecimento de água. Entre os principais pontos estão:

  • A concessionária deveria ter implantado uma nova estação de tratamento de água, mas não o fez em 22 anos de contrato.
  • A capacidade de reserva de água deveria ser de 6.500 metros cúbicos, mas atualmente é de apenas 4.900 metros cúbicos, o que representa uma defasagem significativa.
  • Além disso, o percentual de atendimento de esgotamento sanitário é apenas de 53%, demonstrando a falta de investimentos na infraestrutura.

Essas falhas não são apenas números; elas afetam a vida cotidiana da população, que enfrenta racionamento e água de má qualidade.

Impactos no Comércio e na Economia Local

O comércio de Alta Floresta está entre os mais afetados pela crise hídrica. Sem água, muitos estabelecimentos são forçados a fechar ou reduzir suas atividades. O presidente do CDL, Alex Fabiano, destacou que a falta de água compromete não apenas a operação das empresas, mas também a qualidade de vida dos cidadãos.

Consequências Diretas para os Comerciantes

Empresas que dependem de água, como lava-jatos, pet shops e restaurantes, estão enfrentando dificuldades financeiras. A impossibilidade de oferecer serviços adequados resulta em perda de clientes e, consequentemente, na demissão de funcionários. A pergunta que fica é: quem arcará com os prejuízos?

SOCIEDADE CIVIL SEM RESPOSTAS

Responsabilidade da Concessionária e do Poder Público

Um dos principais problemas identificados na discussão é a responsabilidade da concessionária de água. A falta de investimentos e a ineficiência na prestação de serviços são evidentes. A concessionária, que detém o monopólio do abastecimento, não tem competidores que a forcem a melhorar seus serviços.

O Papel do Prefeito e dos Vereadores

O prefeito Chico Gamba e os vereadores também têm sua grande parcela de responsabilidade. Durante o evento, foi mencionado que, se houvesse uma pressão maior sobre a concessionária desde o início do ano, a situação atual poderia ser diferente. A falta de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a situação foi um ponto crítico levantado pelos participantes.

Crise Energética: Um Problema Paralelo

Além da crise hídrica, a energia elétrica é outro tema preocupante. A Energisa, responsável pelo fornecimento de energia, também enfrenta críticas pela sua capacidade de atendimento. O município está no limite, e a subestação não suporta novas demandas, o que pode afetar a chegada de novas empresas.

O Caso da HAVAN

A loja HAVAN, prevista para inaugurar em breve, enfrenta problemas para obter a carga elétrica necessária para suas operações. A concessionária garantiu apenas 225 kVA, enquanto a loja necessita de 500 kVA. Isso não apenas compromete a inauguração da loja, mas também os empregos que seriam gerados.

Mobilização da Sociedade

Com a crise se agravando, a mobilização da sociedade civil torna-se essencial. Uma grande manifestação está programada para cobrar ações do Ministério Público e das autoridades responsáveis. A população não pode ficar à mercê de promessas não cumpridas e precisa exigir respostas e soluções imediatas.

A Importância da Participação Cidadã

O envolvimento da comunidade é crucial. A participação em audiências públicas, manifestações e discussões sobre a crise é uma forma de pressionar os representantes eleitos a tomarem medidas concretas. O fortalecimento das entidades de classe e a união da sociedade podem fazer a diferença.

Perspectivas Futuras

Enquanto a crise hídrica e energética persiste, é fundamental que a administração pública elabore um plano de ação efetivo. Medidas emergenciais, como a limpeza de represas e a busca por fontes alternativas de água, devem ser priorizadas. Além disso, a revisão dos contratos com as concessionárias é uma necessidade urgente.

O Papel do Ministério Público

O Ministério Público deve atuar como um guardião dos direitos da população, exigindo que as concessionárias cumpram suas obrigações contratuais e que o poder público tome as rédeas da situação. A pressão por soluções deve ser constante, e a transparência nas ações é essencial para restaurar a confiança da população.

Considerações Finais

Alta Floresta vive um momento crítico, onde a falta de água e energia impacta a vida de todos. A responsabilidade é compartilhada entre a concessionária, o poder público e a própria sociedade. Somente com ação conjunta e mobilização será possível enfrentar e superar essa crise. É hora de exigir mudanças e garantir um futuro melhor para todos os alta-florestenses.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: