quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Crônicas de Rondônia (28/02) – Prostituição, Pedofilia, Palácio infiltrado e meditações climáticas

Em resposta

prostituição_infantilAos constantes apelos da sociedade que já não aguenta mais ver suas crianças massacradas pelo crime organizado, o Ministério Público de Rondônia deflagrou uma importante operação que já vinha sendo articulada há seis meses na capital. Trata-se de Operação Lâmia (Lendária rainha da Líbia que se transformou em um demônio devorador de crianças), a qual teve por objetivo prender integrantes de rede de prostituição que está há anos abastecendo clientes e pedófilos em Porto Velho.

Elemento surpresa

Cerca de 40 policiais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), abordavam desde as 6:00 da manhã os pontos e as casas dos suspeitos tidos como os cabeças da organização, que foram presos em suas residências e conduzidos diretamente para o prédio do Ministério Público, aonde prestaram depoimentos e já estão a disposição da justiça.

Agiotagem e armas de fogo

Um conhecido empresário, dono de um supermercado no bairro São Cristóvão, região central de Porto Velho, é tido como um dos principais envolvidos em todo o esquema de prostituição, além disso em sua residência foram apreendidas 4 armas de fogo sem porte legal, o que deve agravar ainda mais as acusações que pesam sobre o suspeito. Para piorar, o mesmo indivíduo, já tinha sido condenado pelo Tribunal de Justiça de Rondônia por praticas criminosas e agiotagem, a indenizar um casal que foi brutalmente ameaçado, após ter sua casa invadida pelo mesmo e seus três “capangas”, os quais hostilizaram e comprometeram o resguardo de 10 dias de uma senhora que deixou de amamentar após a ação dos criminosa dos acusados.

Cafetinas de luxo

Além do empresário, duas mulheres,  uma delas consultora de uma loja de cosméticos da capital, que são suspeitas de atuarem como “intermediadoras” ou “facilitadoras” de “clientes” do serviço, foram presas em suas residências e estão a disposição da justiça para maiores esclarecimentos dos fatos. A princípio os infratores estão incursos nas sanções previstas para os crimes sexuais praticados contra vulneráveis, dentre eles os capitulados nos artigos 217-A e 218-B do Código Penal, é claro que também estão incluídos nas acusações, assim que forem constatadas, a novas normas legais que defendem meninas e crianças dos crimes de pedofilia e aliciamento de menores.

Barcas furadas

Funcionários públicos do estado amanheceram com uma indesejada surpresa de verem seus ambientes de trabalho tomados por verdadeiras cascatas de água da chuva moderada que infiltraram os recém inaugurados Centro Político e Administrativo – CPA (Renomeado de Palácio Rio Madeira) e a Nova Central de Polícia  da Av. Jorge Teixeira, completamente reformada e entregue há menos de de 20 dias. Segundo o corpo de Bombeiros e os técnicos responsáveis, as goteiras e infiltrações aconteceram por rompimentos de drenagens internas que não suportaram o volume de águas. No caso do Palácio, localizado na Av.Farqhuar, Bairro Pedrinhas, zona Norte de Porto Velho, os servidores públicos abandonaram as pressas o prédio, recém construído. Com a força da água, o forro de gesso do teto cedeu no quarto andar, provocando susto e alagação. Pessoas estariam presas num dos três elevadores.

Meditar é preciso

Preocupado com situações como essas, o governo do Estado encaminhou a Assembleia Legislativa um pitoresco, pra não dizer polêmico, que acabou sendo aprovado pelos deputados, onde se institui o Projeto de lei Nº 572/2012, que cria o “Dia Estadual de Meditações sobre alterações climáticas”. Apesar de aprovarem o projeto, alguns deputados questionaram a aplicabilidade de tal norma nos atos do governo e a sua funcionalidade para a população. Segundo o deputado Lebrão, membro da bancada governista, o objetivo maior é conclamar a Região Norte do país a lembrar dos inúmeros prejuízos causados pelas ações poluidoras contra  a natureza que afetam diretamente o comportamento do meio ambiente e do eco sistema. Imediatamente o projeto acabou se tornando alvo de uma cômica discussão que envolveu os deputados Hermínio Coelho, Epifânia Barbosa e Tucura. Veja um trecho da fala de Hermínio assistida pelo público na sessão da Assembleia: …““Parece que é projeto para louco, para doido, porque não pode ser”, disse Hermínio em resposta à Epifania” – …“Tucura , a gente não fala que o governo vive no chá de mariri, é tomar um chazinho de mariri para ficar...” – “ aqui eu não sei o que querem saber mais do clima, pois todo mundo sabe que tem seis meses de calor e seca e seis meses de chuva”… Eu espero que não seja também aplicado mais um feriado entre os demais que o Estado já emplacou na última década, aliás, o que você acha disso?

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: