Mostrando postagens com marcador ilegal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ilegal. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Pesquisa ilegal antecipada.


Na última quarta feira (27/02), uma equipe de pesquisadoras estava preenchendo um questionário de pesquisa eleitoral nos limites da Praça dos Três Coqueiros, em Ouro Preto do Oeste, onde alegavam estar trabalhando em nome do Jornal O Estadão do Norte, de Porto Velho.

Nossa reportagem entrou em contato como representante local do jornal, Alexandre Araújo, para que o mesmo pudesse nos confirmar o envio dessa equipe para o interior, o que foi taxativamente desmentido pelo jornalista, que afirmou não ter recebido nenhum comunicado da diretoria e que a empresa não estaria realizando pesquisas nem na capital e muito menos no interior.

Na ocasião em registrávamos o trabalho das a vereadora Joselita Araújo surgiu para saber qual eram os candidatos citados na pesquisa e a quanto estava a porcentagem de cada um.

Entre os nomes apreciados estavam Jacques Testoni, Marcelino, Bráz Resende, Sônia Arrabal e Carlos Magno, sem maiores surpresas a vereadora pode constatar que o índice de aceitação do ex-prefeito estrapolava qualquer expectativa, enquanto o empresário Jacques Testoni estava com a segunda colocação, seguido de perto pela pré candidata pelo PT, Sônia Arrabal e o empresário Clécio Marcelino.

Fizemos questão de perguntar as pesquisadoras por que não colocaram o nome do atual deputado Alex Testoni, e inusitadamente tivemos a seguinte afirmativa: "Ele não quis que fosse colocado o seu nome".

Então perguntei, perante a vereadora Joselita:"Mas essa pesquisa não é do Estadão?"
Visivelmente embaraçada a pesquisadora pediu licença e disse que não poderia estar comentando sobre os objetivos da pesquisa pois poderia ser demitida.

Bom, mas diante da suspeita de pesquisa eleitoreira antecipada que esteja acontecendo ilegalmente na cidade, deixo a cargo do MP para investigar quem são os reais interessados nessa tentativa de induzir o voto do eleitorado.
(CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIÁ-LA)
Entre mortos e feridos, quem se saiu mal mesmo na referida pesquisa é a atual administração do prefeito Bráz Resende que não obteve nem um pontinho no conceito do entrevistados, enquanto o nome do atual sub chefe da Casa Civil dispara com um porcentagem de 80%, ou seja, de cada 10 pesquisados, 8 estão com o ex-prefeito.

Pesquisar matérias no Blog

Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: