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terça-feira, 6 de maio de 2008

ATO FALHO:

Todo o profissional que se preza sabe a hora de reconhecer os seus erros, por esse motivo fazemo-nos presentes através desta nota para nos redimir da forma como foi apresentada a crítica sobre o controle de zoonose no município de Ouro Preto, através da matéria "NOTA ZERO PARA A ZOONOSE DE OURO PRETO".

A pedido da secretária do meio ambiente, Sra. Ana Martinha, que mui respeitosamente solicitou uma reunião para esclarecer a sua participação dentro do processo administrativo do setor mencionado, entendemos que a justiça moral, aquela que sempre deve prevalecer entre os profissionais éticos, deve ser feita em relação aos verdadeiros responsáveis quanto ao atraso ocorrido na solicitação de recolhimento dos animais de minha propriedade localizados na Avenida Daniel Comboni.

O que deve ficar claro nesse caso é que em nenhum momento intentamos vincular a falha dos responsáveis por esse departamento, no caso o Dr. Mário Márcio, com a senhora secretária Ana Martinha, simplesmente expusemos o nosso repúdio quanto ao atraso e inoperância que demonstrou o controle de zoonose, em nem mesmo tentar justificar o porque do atraso ou da ausência em comparecer a nossa solicitação, a qual foi sim devidamente registrada junto a Vigilância Sanitária do município, fato que foi acompanhado pelo Sr. Joelmir Araújo, que também não se encontra no hall dos responsáveis quanto aos problemas de zoonose.

Mas, que assim como a secretária tentaram viabilizar, além de suas atribuições, o comparecimento dos responsáveis, porém restando infrutífera a solicitação, a esses profissionais responsáveis, que talvez até tenham boas justificativas para o não comparecimento, são até o presente momento os únicos a quem devo dirigir as minhas críticas, talves até duras demais, mas necessárias, bem como colocar o nosso canal de informação a disposição para que os mesmos se sintam a vontade para maiores esclarecimentos, porém, o que é fato é fato e contra fatos não há argumentos.

Houve sim e continua havendo uma grande falha em prestar pelo menos uma satisfação ao contribuinte quanto ao prazo em o mesmo poderá ser atendido e se não for atendido, quanto aos motivos por que esse atendimento não foi efetuado.

Ficam aqui as nossas considerações a todos os profissionais funcionários públicos e privados de nosso município, que nos prestigiam através de seus acessos e que sempre terão a nossa mais completa compreensão quantos as suas dificuldades em executar o trabalho a que foram designados, pois como cidadãos todos nós temos o dever de cobrar de nossos mandatários que a coletividade jamais seja ignorada em suas necessidades mais primárias, ou seja, a saúde, a educação, a segurança e o respeito.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: